DISPUTA MIDIÁTICA

Imprensa chilena ativou valores conservadores para derrotar Nova Constituição, diz Pablo Iglesias

Maioria da população chilena rejeitou neste domingo o novo texto constitucional, que agora será novamente discutido

Imprensa chilena ativou valores conservadores para derrotar Nova Constituição, diz Pablo Iglesias.Créditos: Reprodução/ redes sociais
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O cientista socia e um dos fundadores do Podemos (o partido da Espanha) Pablo Iglesias analisou a derrota da Nova Constituição chilena no plebiscito que ocorreu neste domingo (5). 

Os chilenos rejeitaram a proposta de uma Nova Constituição neste domingo (4) com 62% dos votos válidos contrários ao texto e 38% favoráveis. Foram pouco mais de 7,5 milhões de votos pelo “rechazo” e pouco menos de 5 milhões pelo “apruebo". O voto no plebiscito foi obrigatório para todos os chilenos com mais de 18 anos.

Para Iglesias, que foi um dos principais personagens dos movimentos em torno do acampamento da Praça do Sol, em 2013, destaca que a opinião pública foi manipulada pela imprensa chilena. 

"Os principais atores ideológicos a favor da "Rejeição" voltaram e venceram com força um jogo que meses atrás estavam perdendo para os apoiadores da 'Aprovação' [...] Na minha opinião, a chave para que a vontade da maioria chilena tenha mudado nestes meses não se deve ao fato de que a Constituição que estava sendo votada era muito “de esquerda”, mas sim à ação sustentada ao longo do tempo pelos principais atores ideológicos: os poderes midiáticos", diz Iglesias. 

O pesquisador vinculado à Universidade de Madrid, também analisa que a imprensa tradicional soube ativar valores conservadores que habitam a sociedade chilena, coisa que a esquerda não soube fazer, ou seja, ativar os valores que elegeram Boric e optaram pela realização de uma nova constituição. 

"O sistema midiático chileno ativou os valores conservadores que de fato vivem em grande parte da sociedade. Esses valores coexistem com outros valores progressivos que a esquerda não conseguiu ativar, basicamente devido à sua profunda fraqueza midiática", analisa. 

Por fim, Pablo Iglesias afirma que a esquerda chilena precisa disputar a mídia. "Esperemos que a esquerda entenda que reequilibrar a correlação midiática de forças é uma condição de possibilidade para avançar no combate ideológico que é, em última análise, a essência da política e da transformação social", afiram o fundador do Podemos espanhol.