RESTRIÇÕES NA FRANÇA

França proíbe uso de vestimenta muçulmana nas escolas

Medida faz parte de política rigorosa sobre uso de símbolos religiosos em colégios públicos e divide opiniões

Imagem ilustrativa abaya.Créditos: Pexels
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O governo da França proibiu, nesta segunda-feira (28), o uso da 'abaya', túnica usada por algumas mulheres muçulmanas, em escolas públicas do país. A medida atraiu os aplausos da ala conservadora do país, junto com as críticas dos progressistas.

A medida está no contexto da defesa da laicidade do Estado e já promoveu a eliminação de qualquer influência católica ao ensino público. Agora, a França impõe restrições a outros símbolos religiosos e vem alterando as diretrizes para lidar com uma crescente minoria muçulmana.

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Em coletiva de imprensa, o ministro da Educação, Gabriel Attal, explicou que “nossas escolas são continuamente submetidas a testes e, nos últimos meses, as violações da laicidade aumentaram consideravelmente, em particular com [alunos] vestindo trajes religiosos como abayas e kameez”.

Ainda de acordo com Attal, a medida é para evitar que a religião do aluno seja identificada ao entrar em sala de aula. No entanto, segundo o Conselho Francês do Culto Muçulmano, a vestimenta não representa um símbolo islâmico.

Reações

Líder do partido conservador Os Republicanos, Eric Ciotti, comemorou a medida. Seu grupo já havia levantado o debate anteriormente, e o Ministério da Educação havia dado permissão às escolas para proibir a abaya, bem como bandanas e saias "muito longas". 

O secretário -geral do sindicato que representa os diretores de instituições de ensino, Bruno Bobkiewicz, também se posicionou: "as instruções não eram claras, mas agora estão, e nós as saudamos" disse em entrevista à agência de notícias AFP.

Por outro lado, a deputada do partido França Insubmissa, Clementine Autain, chamou a decisão de  “polícia da moda” e a classificou de medida “característica de uma rejeição obsessiva aos muçulmanos”.

A discussão também atravessa a sociedade francesa. Em pesquisa feita no final de 2022, pelo Instituto Francês Opinião Pública, 80% dos entrevistados enxergam a imigração como assunto que os franceses não se dispõe a discutir com serenidade.