FUNDAMENTALISMO

Governo Putin coloca movimento LGBT+ na lista de "grupos terroristas"

A decisão do presidente russo é um endosso à uma deliberação da Suprema Corte do país, que já havia proibido a atividade de organizações LGBT nacionais e internacionais

Governo Putin coloca movimento LGBT+ na lista de "grupos terroristas".Créditos: Reprodução/Twitter Kremlin
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O presidente Vladimir Putin, que acaba de conquistar mais um mandato, deu um passo adiante em sua cruzada contra as pessoas LGBT+ ao colocar o movimento de lésbicas, gays, bissexuais, travestis e transexuais na lista de "grupos terroristas". A informação foi divulgada nesta sexta-feira (22) pela agência estatal de notícias do país.

A decisão do governo Putin endossa uma deliberação da Suprema Corte do país que, em novembro de 2013, classificou o movimento LGBT+ como "perigoso" e "uma ameaça aos valores tradicionais", proibindo as atividades de organizações LGBT, nacionais e internacionais, no país.

Assim, a lista na qual o movimento LGBT foi incluído pertence a uma agência chamada Rosfinmonitoring, que tem poderes para congelar as contas bancárias de mais de 14 mil pessoas e entidades classificadas como "terroristas", informa a AFP.

O governo de Vladimir Putin trava uma "cruzada" contra as pessoas LGBT desde 2013, quando foi aprovada a Lei anti-publicidade queer, que tornou crime a vida e manifestações culturais das pessoas lésbicas, gays, bissexuais, travestis e transexuais.

Donos de bar LGBT são presos na Rússia 

"Extremismo" e "violação dos valores tradicionais", esses foram os motivos que levaram à prisão dos gerentes de um bar LGBT+ localizado na região dos Urais. A decisão foi anunciada por um tribunal da cidade de Orenburg nesta quarta-feira (20).

"Este é o primeiro caso criminal deste tipo na Rússia depois da decisão do Supremo Tribunal de classificar o movimento LGBTQIA+ como extremista", declarou Ekaterina Mizulina, militante dos "valores tradicionais", segundo a AFP.

Os responsáveis pelo bar "Pose" ficarão detidos até 18 de maio. Segundo a AFP, as prisões provisórias geralmente são prorrogadas na Rússia até o julgamento final.

De acordo com a acusação, "durante a apuração foi constatado que os acusados, pessoas com orientação sexual não tradicional [...] também apoiam as opiniões e atividades da associação pública internacional LGBTQIA+ proibida em nosso país".

Caso sejam condenados, o que é muito provável que aconteça, os donos do bar "Pose" podem pegar até dez anos de prisão.

Cruzada russa contra as pessoas LGBT+

O parlamento russo, que é controlado pelos partidos aliados do presidente Vladimir Putin, decretou uma cruzada contra as pessoas LGBT+ em 2013, quando aprovou a Lei anti-propaganda LGBT. Por possuir um texto genérico, qualquer coisa pode ser considerada "propaganda".

Com a aprovação da lei, as Paradas do Orgulho, eventos, programas de TV foram proibidos, pois, um dos artigos da lei visa "proteger os menores de idade da propaganda LGBT", ou seja, a vida LGBT é criminalizada desde então.

No ano passado, a cruzada russa contra as LGBT+ ganhou um novo capítulo quando a Suprema Corte classificou o movimento LGBT+ e suas filiais internacionais como "grupos extremistas que atentam contra os valores tradicionais".

Dessa maneira, todas as fundações, ONGs e institutos LGBT+ foram banidos do país. À época, a ONU condenou a nova promoção de ódio às LGBT+ na Rússia.
 

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