CENSURA

Governo de SC faz lista de “livros proibidos” nas escolas públicas

Governo bolsonarista de Jorginho Mello censurou nove obras em lista que justifica retirada com "novas orientações em breve"

Ofício com retirada de nove títulos foi elaborada pela Secretaria de Educação de SC.Créditos: SED/Divulgação
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O governo de Santa Catarina anunciou nesta quarta (8) que banirá uma série de livros das escolas públicas do Estado. Entre as obras proscritas estão um best seller de Stephen King, "It: A Coisa", e a obra futurista de Anthony Burgess, "Laranja Mecânica". A decisão censória foi tomada pela Secretaria de Estado da Educação, que argumentou que as obras são "inadequadas" para o público escolar.

O comunicado, emitido por meio de um ofício, chegou às bibliotecas da rede pública do estado na autoria do supervisor de Educação, Waldemar Ronssem Júnior, e da integradora Regional de Educação, Anelise dos Santos de Medeiros, determinando a retirada dos livros da rede estadual de educação.

Além das duas obras, outras sete também estavam incluídas em na “lista da censura” elaborada pelo governo, como “A química entre nós”, de Larry Young e Brian Alexander, “Coração Satânico”, de William Hjortsberg, “Donie Darko”, de Richard Kelly, “Ed Lorraine Warren: demonologistas - arquivo sobrenaturais”, de Gerald Brittle, “Exorcismo”, de Thomas B. Allen, “Os 13 Porquês”, de Jay Ascher, e “O diário do diabo: Os segredos de Alfred Rosenberg, o maior intelectual do nazismo”, de Robert K. Wittman e David Kinney.

Os temas e assuntos dos livros censurados nas escolas públicas de Santa Catarina abrangem gêneros de terror e drama, além de questões comportamentais e psicológicas e sobre regimes autoritários, podendo ser importantes para o desenvolvimento da criticidade.

O ofício, que não explica o motivo da retirada das obras, apenas afirma que os livros listados serão recolhidos. "Determinamos que as obras listadas sejam retiradas de circulação e armazenadas em local não acessível à comunidade escolar. Em breve enviaremos novas orientações", diz o documento.

Créditos: Divulgação/Secretaria da Educação de Santa Catarina

A divulgação de uma lista gerou repercussão nas redes sociais, desencadeando uma série de críticas ao governo estadual liderado por Jorginho Mello (PL). O governador assumiu o cargo no início do ano com o apoio do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL)

O vereador suplente de Florianópolis pelo PSOL, Leonel Camasão, criticou a decisão do governo de banir livros das escolas públicas do estado e denunciou a decisão ao Ministério Público de Santa Catarina.

O governador de Rondônia, Marcos Rocha (União Brasil) também já censurou obras literárias. Em 2020, ele pediu para retirar das escolas 43 livros, alegando que estes eram considerados "inadequados para crianças e adolescentes". Entre os autores e obras afetadas por essa decisão, encontravam-se nomes notáveis da literatura nacional e internacional, como Rubem Alves, Mário de Andrade, Machado de Assis, Franz Kafka e Euclides da Cunha.