CARLUXO

Depoimento de Carlos Bolsonaro à PF não tem nada a ver com ‘Abin paralela’, diz advogado

O filho ‘02’ de Jair Bolsonaro irá prestar esclarecimentos sobre publicação nas redes sociais tida como “ofensiva” por diretor da PF; Saiba mais

Carlos Bolsonaro.Créditos: Reprodução TV Câmara
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A segunda-feira (29) foi agitada para Carlos Bolsonaro, vereador no Rio de Janeiro e filho do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). Ele despertou de madrugada em sua casa em Angre dos Reis, na Costa Verde do Rio de Janeiro, e saiu com o pai e os irmãos Flávio e Eduardo para pescar. Passaram mais de 6 horas no mar e, ao regressarem ao imóvel, lá estava a Polícia Federal.

A PF estava de olho nele, Carlos. E além do imóvel em Angra dos Reis, onde apreendeu três notebooks e o celular de uso corrente de Carluxo, também compareceu a mais três endereços ligados a ele. Um no condomínio Vivendas da Barra, na zona oeste do Rio de Janeiro, onde foi encontrado um computador, dois celulares antigos, dez pendrives e uma caneta espiã, além de documentos e cadernos de anotação; e os outros dois no centro do Rio, relacionados ao seu mandato.

No gabinete da Câmara Municipal a PF apreendeu 9 computadores, um celular e mais documentos. Por fim, os federais visitaram o seu Comitê onde mais um computador foi apreendido ao lado de documentos e mídias de dados. O material vai para Brasília, onde será analisado pelos investigadores responsáveis. Segundo informações publicadas na imprensa, agentes avaliaram que todos os alvos desta manhã se mostraram preocupados com as apreensões.

Carluxo é acusado, além das rachadinhas em seu gabinete no Rio e dos esquemas de milícias digitais e fake news no Palácio do Planalto, de compor o chamado “núcleo político” da organização criminosa instalada na Abin (Agência Brasileira de Inteligência). Ele foi pego pela PF e pelo ministro Alexandre de Moraes, relator do caso no Supremo Tribunal Federal, pedindo para Alexandre Ramagem (o ex-diretor-geral da PF indicado pelo seu pai) informações obtidas ilegalmente sobre casos que envolvem a si e ao clã familiar.

À CNN Brasil Bolsonaro se defendeu. Disse que realmente havia ido pescar, que não sabia da operação, negou a existência da chamada ‘Abin paralela’ e defendeu o filho, afirmando que a PF não precisaria ter ido ao imóvel atrás dele uma vez que Carlos já tem um depoimento agendado para amanhã, terça-feira, 30 de janeiro.

Mas acontece que o depoimento não tem nada a ver com a Operação Vigilância Aproximada. Carlos irá para a sede da Polícia Federal no Rio Janeiro às 9h da manhã para se explicar sobre uma publicação feita nas suas redes sociais em 27 de agosto de 2023.

Naquela manhã de agosto, Carluxo republicou uma postagem da página direitista ‘Dama de Ferro’, famosa por utilizar fotos e frases de Margareth Thatcher. A publicação original mostra uma série de fotos de artigos de jornal e exibições artísticas em que seu pai foi hostilizado de forma agressiva.

Uma delas é um print de artigo de Hélio Schwartsman que carrega o seguinte título: “Por que torço para que Bolsonaro morra”. Ao lado, um manequim do ex-presidente ferido no pescoço. Abaixo, fotos de um jogo de futebol nas ruas de São Paulo, feitas em 2020 no auge da pandemia, em que a bola era uma réplica da cabeça do inelegível.

“Zero busca e apreensão; zero inquérito; zero perfis bloqueados; zero reportagem de repúdio; zero pessoas presas”, diz a publicação original, da página ‘Dama de Ferro’.

Carluxo repostou com a seguinte legenda: “O seu guarda diretor aqui enxerga com outros olhos”. E a publicação, direcionada a Andrei Rodrigues, o atual diretor da PF, foi tida como “ofensiva”. Na prática, Carluxo tentou desmerecer o substituto de Ramagem, indicado por Lula, insinuando que Rodrigues estaria beneficiando apoiadores do atual presidente em detrimento dos de seu pai nas investigações.

Reprodução

“De acordo com o setor de inteligência da PF essa publicação do Carlos seria ofensiva ao atual diretos da PF, que sequer tinha conhecimento do fato e foi instado a se manifestar e determinou a instauração de inquérito”, disse Antônio Carlos Fonseca, o advogado de Carlos Bolsonaro, à CNN Brasil.

A partir dessa informação é possível adiantar que Carlos responderá sobre o que sabe a respeito da acusação que ele mesmo fez, e não sobre a operação desta manhã, que mirou a chamada ‘Abin paralela’. Tanto família Bolsonaro como o advogado confirmaram as informações à imprensa.