UNIVERSIDADE PÚBLICA

Alunos da UFRRJ denunciam refeições estragadas e com bichos

Caso ocorreu na sexta-feira (3) e gerou protestos. Instituição pública afirma que problema foi pontual e que já alterou sistema de alimentação disponibilizado no campus, que fica em Seropédica (RJ)

Marmita servida a alunos da UFRRJ.Créditos: Twitter/Reprodução
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Alunos da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ), que fica no município de Seropédica (RJ), denunciam que as refeições servidas a eles por uma empresa contratada pela instituição vieram estragadas e com bichos. O caso ocorreu na última sexta-feira (3) e as fotos da comida, com aspecto ruim e visivelmente infestada por insetos, se espalharam na internet. Os alimentos chegam ao local de consumo num caminhão de mudança, e não num veículo refrigerado, como o esperado.

Caminhão que transporta as refeições para a UFRRJ

As refeições servidas na UFRRJ sempre estiveram disponíveis no refeitório coletivo da universidade, mas por conta de obras realizadas no local, para modernização e ampliação do espaço, passaram a ser oferecidas apenas aos alunos alojados no campus e aos bolsistas da Pró-Reitoria de Assuntos Estudantis (Proaes). Os alimentos, desde então, vinham acondicionados em caixas térmicas para serem servidos nos pratos do refeitório, no formato chamado de “bandejão”.

No entanto, os demais alunos passaram a exigir alimentação também, uma vez que grande parte dos acadêmicos é de origem simples e não tem como arcar com os altos custos para comer em restaurantes privados. A exigência teria sido aceita pela direção da UFRRJ, ainda que tenha sido explicado aos estudantes que seria necessária uma adaptação para que se acatasse a solicitação: receber as refeições em marmitas, já que o refeitório, por razões de espaço físico, não poderia comportar a ida de todos.

Leyenda

As reclamações passaram a se intensificar quando os alimentos começaram a vir nas embalagens de alumínio individuais, culminando com o episódio da refeição estragada e com insetos registrado no horário do almoço de sexta-feira (3). Os alunos protestaram e se reuniram num auditório da instituição para exigir explicações sobre o ocorrido, ocasião em que o vice-reitor da entidade, o professor César Da Ros, recebeu o alunado. Após anunciar que a direção da UFRRJ receberia uma comissão de acadêmicos para falar sobre o problema, às 15h do mesmo dia, os manifestantes passaram a pedir para que Da Ros provasse, então, das marmitas que estavam no local. A cena foi toda gravada pelos alunos e o vice-reitor sentou-se à mesa e comeu dos alimentos deteriorados.

Horas depois, a UFRRJ emitiu uma “nota de apoio e solidariedade” a Da Ros, em seu site oficial, alegando que o titular da vice-reitoria teria “sofrido agressão” durante os protestos realizados pelos estudantes. No texto, embora enfatize o caráter democrático, plural e dialogável que deve nortear o ambiente acadêmico, a direção da universidade pública adota um tom interpretado por alguns como intimidatório, uma vez que afirma que o alto funcionário foi desacatado, além de citar o Código Penal e seu artigo 331, que se refere justamente a esse crime. Por fim, o documento diz que “espera que as cenas de violência e humilhação” não se repitam.

Nas redes sociais, o que se viu foi um festival de reclamações no que diz respeito à postura adotada pela direção da UFRRJ no texto encaminhado ao público, que, para boa parte dos estudantes e até de professores, criminaliza os protestos que reivindicam condições melhores de alimentação para jovens que não têm outra saída para se comer.

A posição da UFRRJ

A reportagem da Fórum falou com a Coordenadoria de Comunicação da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ) e foi informada de que as obras no refeitório da instituição, que tiveram início em 2017, seguem, e que a previsão de conclusão é para agosto deste ano, já que o cronograma da reforma foi atrasado por conta de duas empresas contratadas que não cumpriram com suas obrigações. O atendimento no 'bandejão', explica a universidade, desde o início da entrega das marmitas, segue aberto para todos os estudantes que quiserem utilizar o local, sejam do colégio técnico, da graduação e da pós-graduação.

Sobre o episódio das refeições estragadas e com insetos, a UFRRJ admitiu que o problema ocorreu, mas salientou que o fato restringiu-se à última sexta-feira (3), explicando que a empresa prestadora do serviço, a Guelli Comércio e Indústria de Alimentação, foi advertida sobre o ocorrido e que estuda medidas de repreensão à firma. A universidade disse ainda que o modelo de caixas térmicas foi retomado já no dia seguinte, sábado (4), e que os alimentos desde então vieram em plenas condições de consumo.

A UFRRJ disse ainda que, no caso do protesto envolvendo o vice-reitor César Da Ros, os alunos teriam agido de forma forçosa para que o funcionário comesse as marmitas e que sua figura merece respeito, tendo em vista que ele já ocupou o cargo de pró-reitor para Assuntos Estudantis e que teria neste período realizado grandes esforços para melhorar as condições dos alunos da universidade pública.