INTERMED

Unisa admite rever expulsão dos alunos que participaram do “punhetaço”

Dos estudantes que participaram da masturbação coletiva, 15 deles tiveram a matricula cancelada de forma sumária, no próprio dia da divulgação dos vídeos

O punhetaço no Intermed.Créditos: Redes Sociais
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A Unisa (Universidade de Santo Amaro) admitiu rever as expulsões dos alunos que participaram do “punhetaço” durante o Intermed 2023, jogos universitários de estudantes de Medicina, que aconteceram em São Carlos, interior de São Paulo.

O advogado Marco Aurélio de Carvalho, que representa a Unisa, afirmou que "uma punição tem caráter punitivo e pedagógico. A universidade quis passar o recado poderoso, para a sociedade, de que atos vexatórios e anticivilizatórios não serão tolerados”.

Ele afirma, no entanto, que "a universidade pretende reconhecer, nos efeitos suspensivos das expulsões, eventuais injustiças, desde que haja indícios mínimos de não participação dos estudantes nos eventos. Se houve alguma decisão equivocada da Unisa, ela será revista com alegria. Não temos compromisso com o erro”.

Dos estudantes que participaram da masturbação coletiva, 15 deles tiveram a matricula cancelada de forma sumária, no próprio dia da divulgação dos vídeos.

Destes, seis apresentaram recursos para que a instituição suspenda a medida. E que os reintegre imediatamente às salas de aula. Segundo os advogados dos alunos, eles não tiveram o direito de se defender, e pedem que sejam ouvidos. Sustentam também que o retorno imediato ao curso é imprescindível, já que o prejuízo aos estudantes, ainda que futuramente inocentados, será irrecuperável.

“Está arrasado”

Segundo o advogado Renato Franco de Campos, que representa o primeiro estudante que apresentou recurso, seu cliente “está atordoado, arrasado e só chora. Estudou anos e anos para realizar o sonho de estudar medicina, e acontece essa tragédia", diz.

Ele diz ainda que seu cliente sequer teria participado das brincadeiras, e as imagens provariam isso. Para ele, no entanto, mesmo os estudantes que eventualmente participaram dos atos devem ser tratado sob o prisma educativo.

"Eles são jovens que entram numa faculdade e recebem aquela situação [de brincadeiras em que ficam nus, por exemplo] como uma realidade da qual não podem fugir. Ouvem dos veteranos que aquilo é uma tradição, uma diversão. A comunidade acadêmica aceita aquilo, meninas e meninos participam", afirma ele.

"Neste ecossistema, o calouro acaba sendo pressionado, e praticamente todos participam de alguma forma", segue.

O advogado diz ainda que a responsabilidade não pode ser jogada apenas nos ombros dos calouros. "As próprias faculdades têm suas responsabilidades, e penso que deveriam aproveitar a oportunidade para formar e educar pessoas, e não para punir."

Pacto

Já o advogado da Unisa afirma que a instituição pretende apresentar ao MEC propostas de campanhas e um pacto contra trotes violentos ou vexatórios no país.

Com informações da coluna de Mônica Bergamo