"Parem de doutrinar as crianças", "Ideologia de gênero não pertence às escolas", essas são algumas das frases escritas em cartazes que circularam por várias regiões do Canadá nesta quarta-feira (20) em um protesto organizado pela extrema direita e fundamentalistas do país.
Segundo informações do Toronto Sun, milhares de pessoas se reuniram em cidades de todo o Canadá para protestar contra a nova política de educação do governo do primeiro-ministro Justin Trudeau, que visa incluir o debate sobre sexualidades no currículo escolar e o respeito ao pronome escolhido pelos estudantes.
Te podría interesar
Organizados por um grupo chamado "1MillionMarch4Children", os manifestantes deste grupo alegam que estão reunindo e se organizando contra a "ideologia de gênero" nas escolas do país. Na visão deste grupo, "as escolas estão expondo seus filhos a conteúdos inadequados sobre sexualidade e identidade de gênero".
Além disso, os extremistas afirmam que antes do governo tratar de questões sobre sexualidade em sala de aula, ele deve pedir autorização dos pais para isso. Neste momento, a oposição ao governo Trudeau articula um projeto de lei que visa obrigar as escolas a pedirem o consentimento dos pais para tratar de tais assuntos.
Te podría interesar
Contramanifestação
Porém, se a extrema direita colocou milhares de pessoas por todo o Canadá, ela não caminhou sozinha pelas ruas, pois, o movimento LGBT+ e grupos progressistas organizaram para o mesmo dia e local das manifestações fundamentalistas o que eles chamaram de "contramanifestação".
Em algumas regiões, a polícia precisou intervir para que os manifestantes não chegassem às vias de fato.
Protestos no Canadá contra a "ideologia de gênero" se arrastam há meses
Os atos massivos que ocorrem nesta quarta-feira no Canadá são o estopim de uma movimentação que começou em junho, durante as festividades do Mês do Orgulho LGBT+.
Tudo começou quando um e-mail do conselho escolar de Ottawa vazou. Nele, o Conselho afirmou que os professores deveriam chamar todos os estudantes pelos pronomes "eles/elas" no início do próximo ano letivo até que eles fornecessem seus pronomes de preferência.
Além disso, o e-mail vazado do Conselho Escolar também orientava para que conteúdos LGBT fossem incorporados ao "ambiente geral de aprendizagem" e que isso não seria "aberto ao debate ou à participação seletiva".
A partir do vazamento do e-mail, manifestações organizadas por grupos fundamentalistas e a extrema direita do país se alastraram pelo Canadá sob cartazes com os seguintes dizeres: "Salve o Canadá", "Cristo é Rei" e "Pai: um homem humano que protege seus filhos da ideologia de gênero".
Justin Trudeau enfrenta extrema direita e fundamentalistas
O primeiro-ministro do Canadá, Justin Trudeau, reagiu às manifestações realizadas nesta quarta em seu país. Trudeau, que é de centro-esquerda, afirmou que o ódio não tem lugar no Canadá e reforçou o seu apoio à comunidade LGBT+.
"Deixe-me ser claro: a transfobia, a homofobia e a bifobia não têm lugar no nosso país. Condenamos veementemente este ódio e suas manifestações, e nos solidarizamos com os canadenses 2SLGBTQI+ (o "2S" significa "dois espíritos" e faz referência aos povos originários do país) em todo o país - você é válido e apreciado", escreveu Trudeau em seu perfil no X.
Que ce soit clair : la transphobie, l’homophobie et la biphobie n’ont pas leur place dans notre pays. Nous condamnons fermement cette haine et ses manifestations, et nous sommes solidaires des Canadiens et Canadiennes 2ELGBTQI+ à travers le pays – vous êtes valables et appréciés. — Justin Trudeau (@JustinTrudeau) September 20, 2023
Confira abaixo vídeos com as manifestações contra a "ideologia de gênero":
???? | Protestas masivas en Ottawa, Canadá, contra el contenido sexual explícito en las escuelas y la ideología de género radical. pic.twitter.com/twhzmDyNh4 — Alerta Mundial (@AlertaMundial2) September 21, 2023
???? | ATENCIÓN: Cantos y carteles de "dejar en paz a nuestros hijos" en una masiva manifestación en Ottawa, Canadá, contra el adoctrinamiento de género en las escuelas. pic.twitter.com/4peKphRAPM — Alerta Mundial (@AlertaMundial2) September 21, 2023