Lei Antiaborto obriga menina estuprada de 11 anos a dar à luz no Paraguai

"Só o tempo dirá a extensão das consequências físicas e psicológicas de sua terrível experiência,” afirma Erika Guevara-Rosas, diretora para as Américas da Anistia Internacional

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"Só o tempo dirá a extensão das consequências físicas e psicológicas de sua terrível experiência,” afirma Erika Guevara-Rosas, diretora para as Américas da Anistia Internacional Por Adital A menina de 11 anos que ficou grávida no Paraguai, supostamente estuprada por seu padrasto repetidamente, deu à luz outra menina, apesar dos reiterados pedidos de organizações de direitos humanos nacionais e internacionais para que a gravidez fosse interrompida. Diante da situação, a Anistia Internacional exige que o Governo do Paraguai modifique a restritiva Lei Antiaborto do país. "Lamentamos saber que tanto ‘Mainumby’ [nome fictício] como a recém-nascida estão em boa saúde, mas ‘Mainumby’ tem sorte de estar viva. Só o tempo dirá a extensão das consequências físicas e psicológicas de sua terrível experiência,” afirma Erika Guevara-Rosas, diretora para as Américas da Anistia Internacional. "O fato de que ‘Mainumby’ não ter morrido não é uma desculpa para as violações aos direitos humanos que sofreu nas mãos das autoridades paraguaias, que decidiram brincar com sua saúde, vida e integridade, apesar da enorme evidência de que sua gravidez era extremamente arriscada e apesar de que é uma menina vítima de violação”, assinala Érika. Para ela, a trágica história dessa menina ilustra o que está mal quanto aos direitos humanos de mulheres e meninas pobres e marginalizadas no Paraguai. A partir do fato de que as queixas de sua mãe foram ignoradas por semanas até a negação do tratamento para proteger sua vida. "É pavoroso que sua história continuará repetindo-se, a não ser que o Paraguai faça mais para proteger as vítimas de violência sexual, despenalize o aborto e garanta a disponibilidade de anticoncepcionais modernos e aceso a informação sobre direitos sexuais e reprodutivos”. Em sua avaliação, a menina já sofreu demasiado pelo abuso sexual ao qual foi submetida e pela gravidez, que foi resultado da violação. As autoridades no Paraguai devem assegurar que ela tenha acesso a todos os serviços de saúde de que necessite e que possa continuar com sua educação, e que sua família imediata receba todo o apoio psicológico, econômico e social de que necessitem, segundo desejem.