ENXURRADA DE CRIMES

Imprensa internacional: A repercussão do indiciamento de Bolsonaro no mundo

Veículos dos mais diversos países noticiam a decisão da PF que pode ser o início do processo que fará o ex-presidente pagar por seus crimes

Créditos: Carolina Antunes/PR
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O indiciamento do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) pela Polícia Federal pelos crimes de associação criminosa e inserção de dados falsos em sistema de informações, no episódio da falsificação de carteirinhas de vacinação dele, da filha Laura, repercute em todo o planeta. Além do antigo ocupante do Palácio do Planalto, outras 16 pessoas também foram indiciadas pela PF.

Veículos de comunicação dos mais diversos países noticiaram o primeiro indiciamento do líder de extrema direita que tentou dar um golpe de Estado no Brasil após ser derrotado nas urnas para o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, no final de 2022. Cada publicação destacou um aspecto do primeiro indiciamento de Bolsonaro, que pode ser o início de um processo que fará com que o ex-presidente pague por seus crimes.

O britânico The Guardian destacou que “durante a pandemia, Bolsonaro foi um dos poucos líderes mundiais a protestar contra a vacina, desprezando abertamente as restrições sanitárias e incentivando a sociedade a seguir o seu exemplo” e que “seu governo ignorou vários e-mails da farmacêutica Pfizer oferecendo a venda ao Brasil de dezenas de milhões de vacinas em 2020”.

Já a prestigiada agência Reuters reportou que “a polícia descobriu que Mauro Cid [ex-ajudante de ordens do então presidente] obteve de forma fraudulenta os registros de vacinação de Bolsonaro e de sua filha Laura a pedido do então chefe de Estado” e que “o testemunho de Cid no processo de delação foi usado como prova contra seu antigo chefe”.

Nos EUA, o The New York Times lembrou que durante todo o período que Bolsonaro está fora da presidência “ele foi alvo de interrogatórios e buscas como parte de diversas investigações, inclusive sobre a venda de relógios e joias que recebeu como presentes presidenciais da Arábia Saudita e acusações de que ele trabalhou com altos funcionários do governo para traçar um plano golpista para se manter no poder após sua derrota nas eleições de 2022”.

O diário econômico com sede em Londres, no Reino Unido, Financial Times acrescentou na reportagem que fala sobre o indiciamento de Bolsonaro que “no ano passado o ex-presidente foi proibido de concorrer a cargos políticos até 2030 por espalhar desinformação sobre o sistema eleitoral durante as eleições de 2022”, além do fato de “a polícia ter apreendido no mês passado seu passaporte por seu papel numa suposta conspiração golpista”.

No Clarín, da Argentina, a informação frisada é a de que a PF concluiu que “o próprio Bolsonaro deu ordem para imprimir cartões de vacinação para ele e sua filha de 12 anos e que os certificados foram impressos no Palácio da Alvorada e entregues em mãos ao presidente”.

O espanhol El País noticiou o indiciamento acrescentando que há “diversas investigações contra Jair Bolsonaro que ganham força” citando que na última sexta-feira “novos depoimentos foram revelados e o colocaram no centro de uma trama golpista”.

A agência Ansa, da Itália, trouxe em sua matéria que durante as investigações sobre a fraude no cartão de vacinação de Bolsonaro e sua filha, “pelo menos seis ex-colaboradores do ex-presidente foram presos” por participar do esquema criminoso.

O francês Le Monde deu ênfase à pena que Bolsonaro pode receber no caso da falsificação das carteirinhas de imunização, mostrando que “se ele for condenado por falsificação de dados de saúde, o político de 68 anos poderá passar até 12 anos atrás das grades” ou apenas dois anos na melhor das hipóteses.

O Diário de Notícias, um dos principais jornais diários de Portugal, reportou ainda que não foram apenas Bolsonaro e a filha que se beneficiaram com a falsificação dos atestados de vacinação, mas “pelo menos outras sete pessoas”.