SÓ PIORA

Braga Netto deu “Medalha do Pacificador” ao delegado acusado por morte de Marielle

Então chefe do Comando Militar do Leste, bolsonarista que foi candidato a vice-presidente condecorou Rivaldo Barbosa, aparentemente sem razão para isso

Créditos: Marcelo Camargo/Agência Brasil
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O general Walter Braga Netto, um dos mais estrelados e destacados bolsonaristas durante o último governo federal e candidato a vice-presidente de Jair Bolsonaro (PL) na eleição em que foram derrotados por Lula (PT), em 2022, condecorou com a Medalha do Pacificador, uma das mais altas honrarias do Exército Brasileiro, o delegado Rivaldo Barbosa, da Polícia Civil do Rio de Janeiro, acusado de ser um dos mandantes do assassinato da vereadora Marielle Franco, ocorrido em 2018. A informação da Agência Pública, assinada por Cleber Lourenço.

A homenagem a Rivaldo foi no feita três meses após o crime que teve repercussão mundial, ocasião em que Braga Netto estava na ativa e era o chefe do Comando Militar do Leste. Na portaria do Diário Oficial em que consta o ato de condecoração do delegado aparece ainda uma assinatura do também general Eduardo Villas Bôas, outro bolsonarista convicto e considerado por muitos o “mentor intelectual” do movimento golpista liderado pelo ex-presidente, que à época era comandante do Exército.

A Medalha do Pacificador é uma comenda criada em 1953 e é uma honraria destinada a civis e militares, brasileiros ou não, que tenham prestado serviços relevantes para o Exército Brasileiro. No caso de Rivaldo, um delegado que acabara de assumir a chefia da Polícia Civil fluminense durante uma intervenção federal, decretada pelo então presidente golpista Michel Temer, aparentemente não há qualquer justificativa para tal galardão.

O relatório final da Polícia Federal sobre as investigações dos assassinatos da vereadora Marielle Franco e de seu motorista, Anderson Gomes, enviado à Justiça e à Procuradoria-Geral da República mostra que o delegado acusado de ser um dos três mandantes do crime, Rivaldo Barbosa, foi “bancado” para o cargo de Chefe da Polícia Civil do Rio de Janeiro por um general do Exército, Richard Nunes, ligado a Walter Braga Netto, que à época do crime, no início de 2018, era o interventor federal no Rio. Já havia relatórios da Subsecretaria de Inteligência da Secretaria de Segurança do estado mostrando que Rivaldo era corrupto e envolvido com milícias, que foram simplesmente ignorados.

Braga Netto ainda demitiu de forma direta o delegado federal Fábio Falcão, que deu o aviso sobre a conduta criminosa de Rivaldo e insistiu ao máximo para que o general não permitisse sua nomeação.